“Então aprendei a rir indo além de vós mesmos!”
“Declarei santo o riso; ó homens superiores, aprendei a — rir!”
Friedrich Nietzsche – Assim falou Zaratustra
Confesso que se eu fizesse charges e, um dia, selvagens islâmicos invadissem a sede do meu jornal e matassem 12 dos meus colegas, eu pensaria duas vezes antes de continuar no ramo. Por isso eu admiro esses caras do Charlie Hebdo. Eles continuam, e com a mesma verve ácida, agora satirizando o menino refugiado morto na praia. Coragem é virtude de grandes homens, no mundo de hoje é uma virtude rara. Jamais se render! Defender a liberdade mesmo com o risco de perder a vida, isso é coisa pra quem não tem medo.
Charlie Hebdo dá um nó na cabeça de todo mundo. Esquerda, direita, apartidários, libertários. Ninguém gosta deles. No Brasil os conservadores dizem que eles blasfemam contra todas as religiões e nunca criticam minorias; os esquerdistas dizem que se eles tivessem sido proibidos de ofender o islamismo, o atentado terrorista do início do ano não teria ocorrido. Tenho certeza que todos riem de alguma das charges, desde que elas satirizem os outros.
O pessoal do Charlie Hebdo faz um trabalho questionável, um humor outré, eivado de grotesquerie, mas o importante é que eles nos levam a pensar e ao mesmo tempo zombam de nossa seriedade artificial. E eles irritam, como irritava o humor do fim do século XIX e início do XX, nos primórdios da arte da charge. São um tanto quanto primitivos, vão ao arrepio do politicamente correto, por isso me agradam; são exemplos de coragem em uma época decadente, quando a charge e grande parte da produção de quadrinhos se rende aos ditames dos cabotinos defensores de minorias ou dos adeptos de um discurso inofensivo; quando fanáticos, com tudo ressentidos, gritam do alto de suas universidades, mesquitas, igrejas e sinagogas, que vão censurar, matar e destruir. Para apreciar o humor da Charlie Hebdo é necessário compreender que eles produzem charge pra quem ainda tem a coragem de ir além do narcisismo e rir, além dos outros, de si mesmo.
Outras charges polêmicas
Eu mesmo acho essas charges da Charlie nojentas! Gostaria de pegar essa edição com a “Santíssima Trindade”, amassar e enfiar no rabo de quem a fez. Mas liberdade de expressão é isso ai! Não só pro que eu concordo ou acho conveniente.
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Charlie Hebdo, não se limita somente ao humor noir, mas também à defender varias lutas pela libertade, que na maioria das vezes ninguém fala, ou denuciar corrupções na França ou no Mundo.não basta apenas ver mas é preciso compreender a linha editorial do jornal. Quando se vê que mesmo o governo de esquerda, que é duramente criticado, apoia o jornal, isso é impossivel no Brasil atual.
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Como rir com tanta desgraça acontecendo atualmente só se o cara for um alienado.
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O humor hoje em dia está cada vez sem graça e perigosa de se fazer porque tudo hoje em dia faz “dodói”. É a cultura do politicamente correto. Antigamente se podia fazer piada de tudo, hoje não. É só processos em cima de processos.
Esse lance de politicamente correto foi uma invenção da esquerda pra amordaçar as pessoas, mas eles dizem que é pra combater o preconceito.
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No caso do Charlie, é apenas burrice, e burrice esquerdista – porque eles são esquerdistas.
A maior prova de que o humor forçado pode prejudicar seus próprios autores.
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Olha essa: http://www.bleedingcool.com/2015/09/29/a-more-right-wing-dc-comics-for-2016/ Se isso fizer a canalhada debandar dos quadrinhos (eu acho que isso não irá acontecer, mas…), pode ser uma boa.
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